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terça-feira, 14 de agosto de 2012

Empresa holandesa prepara para 2023 viagem a Marte... só de ida.





Em 2023, voluntários poderão explorar Marte a partir de uma viagem de ida simples, que será financiada com a realização de programas de televisão e reality shows. Esses são os planos da empresa holandesa Mars One, criada pelo engenheiro mecânico Bas Lansdorp, de 35 anos. "A conquista de Marte é a etapa mais importante da história da humanidade", afirma o empresário. Mas ele destaca que, por enquanto, não haverá viagens de volta — elas ainda são tecnicamente impossíveis. O anúncio foi feito ao mesmo tempo em que a Nasa retoma a exploração do planeta, com o jipe-robô Curiosity.

A empresa avalia que a viagem deve custar 3.75 bilhões de dólares, uma vez e meia o valor (2,5 bilhões de dólares) gasto no Curiosity. O processo de seleção de astronautas, seu cotidiano em Marte e a viagem de sete meses serão filmados e transformados em programas de televisão destinados a financiar a aventura. Bas Lansdorp explicou ter tido a ideia do financiamento do projeto ao conversar com o compatriota Paul Römer, um dos criadores do Big Brother.

Lansdorp admite que falta concretizar vários aspectos do projeto. Só metade das missões das grandes agências espaciais lançadas desde 1960 teve sucesso ao pousar em Marte. Os próprios Estados Unidos haviam estipulado como prazo para enviar homens ao planeta o ano de 2030. No entanto, a Mars One prevê criar uma colônia no local já em 2023.

A seleção e o treinamento dos astronautas deve começar em 2013, e o envio dos módulos habitacionais, das provisões e dos veículos robotizados estão previstos para acontecer entre 2016 e 2022.

Em abril de 2023, os quatro primeiros homens e mulheres devem pousar em Marte. Outros astronautas se somarão ao projeto, que deverá levar ao planeta 21 pessoas até 2033.

Ceticismo — Os astronautas deverão instalar uma colônia no planeta e realizar pesquisas científicas. A temperatura média em Marte é de 55 graus Celsius abaixo de zero e a atmosfera é composta em sua maior parte por dióxido de carbono. Para sobreviver nesse ambiente, os exploradores terão de produzir oxigênio a partir da água presente sob a forma de gelo no subsolo.

O projeto enfrenta o ceticismo de alguns especialistas. "Penso que restam perguntas que não têm sido examinadas em profundidade", avalia Chris Welch, professor de engenharia espacial da Universidade Internacional para o Espaço (ISU), sediada na França. Ele ainda diz que a produção de oxigênio a partir do gelo é "possível em teoria", embora extremamente incerta. "De um ponto de vista técnico, diria que as chances são de 50%".

Mesmo assim, o projeto tem recebido o apoio de cientistas importantes, como o holandês Gerard't Hoofd, prêmio Nobel de Física em 1999, que apoia a empresa e é um de seus embaixadores. "Sempre houve aventureiros para lançar viagens ao desconhecido. Pensemos nos vikings que foram para a América ou em Cristóvão Colombo", disse.

(Com Agência France-Presse e Veja)

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